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Um blog de colegas da UTAD que escrevem sobre as Ciências do Desporto

A VELOCIDADE ADAPTADA AO FUTSAL

Por Pedro Oliveira Abreu e Renato Costa

A Velocidade é uma capacidade que depende do desempenho do Sistema Nervoso Central (coordenativa) e de outras capacidades motoras como a Força e Resistência (condicional). O resultado final na maioria das modalidades é condicionado pela velocidade com que os praticantes executam as suas ações motoras, independentemente do contexto em que está inserida a atividade desportiva. No fundo, trata-se sempre de agir e reagir mais rápido, de executar movimentos de uma forma mais veloz, com o intuito de alcançar a superação na interceção, na antecipação, no remate, no acelerar, no ataque, na defesa, etc., associando assim a velocidade como fator condicionante do sucesso, em sintonia com as demais componentes da estrutura complexa do desempenho desportivo. Apesar de todos estes pressupostos, o Futsal deve ser interpretado de maneira diferente. Nos Jogos desportivos coletivos e nomeadamente no Futsal, não interessa apenas “mais velocidade”, mas sim “melhor velocidade” nos ajustes aos contextos e momentos próprios do jogo, ou seja, como meio de adaptação para a realização das ações de jogo.

Do ponto de vista biológico e fisiológico, a velocidade está altamente dependente da força e da coordenação. Eventualmente, os fatores limitadores da velocidade a ter em conta no desenvolvimento de uma correta metodologia, planeamento e condução do treino subdividem-se em genéticos, evolutivos, de aprendizagem, sensoriais, cognitivos, volitivos, neurais, musculares, energético-metabólicos e antropométricos.

Nas Atividades Físicas e Desportivas a velocidade é expressa de diferentes formas em contextos semelhantes, ou seja, ela pode manifestar-se de várias maneiras numa só modalidade desportiva. Neste sentido, ela pode estar dividida em várias classes, das quais se destacam: execução; aceleração; máxima; e resistente.

Metodologia no treino da velocidade

Deve existir uma ligação íntima do treino de velocidade com o processo de aperfeiçoamento técnico e técnico-tático. Neste sentido, para podermos otimizar o processo de treino é necessário ter em conta os parâmetros condicionais que determinam o rendimento máximo na modalidade em causa, ou seja, ter uma referência do caminho que temos de percorrer e o que queremos atingir com o processo de treino. Temos de conhecer o comportamento característico do desportista na prova para a qual o processo de treino está orientado, bem como de um modelo de referência, por onde guiamos todos os nossos processos técnicos e se necessários táticos, isto é, um modelo de execução que procuramos atingir com a prática repetida.

Uma vez focada a relevância da velocidade nos Jogos Desportivos Coletivos, importa referir algumas sugestões práticas para o treino desta capacidade física de acordo com as exigências do Futsal:

  • Utilizar exercícios que incluam gestos específicos do jogador, verificando que as insuficiências técnicas não prejudicam a sua execução rápida;
  • Assegurar a intensidade do treino máxima ou submáxima (para manter a motivação dos praticantes é aconselhável utilizar exercícios com componente competitiva);
  • As pausas entre os exercícios devem ser completas (com a exceção do treino de velocidade resistente) e de preferência ativas para manter o tónus do sistema neuromuscular;
  • Realizar o treino de velocidade no início da sessão de treino sem influência da fadiga (volume dos exercícios do treino de velocidade não deve ser superior a 30 minutos incluindo as pausas);
  • Alternar exercícios com velocidade “controlada” e velocidade “máxima”;
  • Variar os contextos da ação (informação/ estímulos) de modo a proporcionar uma adaptação mais rápida dos indivíduos às variações nos contextos de performance;
  • Assegurar a solicitação da visão periférica na perceção dos estímulos utilizados;
  • Assegurar a ligação com o processo de aperfeiçoamento técnico-tático (exercícios com oposição) e com treino de outras capacidades físicas (força, resistência, flexibilidade).

 

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Nunca devemos esquecer que a organização destes exercícios deve respeitar os princípios que o nosso modelo de jogo defende, e que as propostas expostas neste artigo, não são mais do que meros exemplos que se enquadram com as diferentes formas de manifestação da velocidade.

Espero ter criado muitas dúvidas e poucas certezas, é esta instabilidade que nos faz pensar e estimula a querer procurar mais conhecimento, conduzindo-nos para outros patamares, ajudando-nos a crescer na modalidade, tendo sempre a noção de que não existem exercícios perfeitos nem fórmulas secretas que nos levam ao sucesso.

Pedro Oliveira Abreu

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This entry was posted on 8 de Junho de 2014 by in Pedro Oliveira Abreu and tagged , , , , , , , , , , .

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