Hoje trago-vos de uma forma mais específica as Capacidades Motoras – Coordenativa e Condicional, tal como foi proposto no último artigo.
Apenas para nos contextualizar e relembrar as Capacidades Motoras Coordenativas são determinadas pelos processos de organização, controlo e regulação do movimento. Existindo enumeras definições na literatura, em todas elas é comum a associação da manifestação das capacidades coordenativas aos contextos que fazem apelo à adaptação das acções motoras. Por sua vez, as Capacidades Motoras Condicionais são determinadas pelos processos energéticos metabólicos, desta feita são reguladas pela energia disponível nos músculos e pelos mecanismos que lhe regulam a distribuição.
Como verificado anteriormente, as Capacidades Motoras Coordenativas revelam-se um elemento chave no processo de construção do atleta. E é através da riqueza e diversidade das tarefas motoras propostas ao praticante que determinará a contribuição para uma melhoria e enriquecimento do seu património motor e naturalmente um aperfeiçoamento das Capacidades Coordenativas. As taxonomias existentes em relação às várias componentes das capacidades motoras são diversificadas, havendo múltiplas propostas a seu respeito. Neste sentido iremo-nos basear na proposta de Hirtz (1986, cit. por Carvalho, et al., 2009), que expõem as componentes da seguinte forma:
Estas componentes da coordenação permitem um grau de elevada adaptação e superação nas múltiplas situações que determinada acção proporciona. No entanto, de referir que as Capacidades Motoras Coordenativas manifestam-se de formas diferentes nas mais distintas modalidades. Aqui entra o papel do treinador, que deverá ter clarificado para si, quais as capacidades nucleares da sua modalidade.
No que diz respeito às Capacidades Motoras Condicionais e como visto anteriormente conferem um cariz mais bio-fisiológico ao atleta, necessário para a sua evolução desportiva.
De referir, que as componentes das Capacidades Condicionais para além da sua importância de base, têm alto nível de controlo de mensuração. Ilustre-mos então estas componentes:
FORÇA
A força “é a capacidade do ser humano de superar ou de actuar contra uma resistência exterior baseando-se nos processos nervosos e metabólicos da musculatura” (Hahn, 1988). No entanto, Castelo et al. (1996) referem que a definição de força não é consensual, pelo que será sempre fundamental analisar a estrutura das diferentes formas de manifestação desta, como sejam os factores psicológicos, os factores nervosos , os factores musculares, e os factores biomecânicos.
Os diferentes tipos de manifestação da força:
RESISTÊNCIA
Bompa (2002) diz-nos que “a resistência refere-se à extensão de tempo que um indivíduo consegue desempenhar um trabalho com determinada intensidade. O factor principal que limita e ao mesmo tempo afecta o desempenho é a fadiga”.
Podem definir-se diferentes manifestações da capacidade de resistência, em função do tempo em que a fadiga demora a instalar-se nos músculos. Por este motivo, costuma-se referir a existência de uma resistência geral (polivalente, comum às diferentes modalidades desportivas) e uma resistência específica (eminentemente relacionada com o tipo de esforço requerido e treinado). A esta última estão associadas as manifestações de resistência de curta, média e longa duração.
VELOCIDADE
Para Castelo et al. (1996) a velocidade define-se como sendo “a capacidade de reagir, rapidamente, a um sinal ou estímulo e/ou efectuar movimentos com oposição reduzida num curto espaço de tempo.”
Entre as diferentes manifestações de velocidade que podemos encontrar, congregamos estas em três tipos fundamentais:
A velocidade pode ser caracterizada ainda como cíclica(movimentos contínuos, como a marcha), ou acíclica (movimentos não contínuos, como a execução de um gesto técnico).
FLEXIBILIDADE
Castelo et al. (1996) definem a flexibilidade como “o grau de liberdade do movimento ou tecnicamente a amplitude do movimento de uma articulação ou de um grupo de articulações”.
É de ressalvar que a flexibilidade não se assume como uma característica geral, mas sim como uma capacidade demonstrada especificamente por uma ou mais articulações.
A flexibilidade pode ser considerada como: flexibilidade estática e flexibilidade dinâmica. À primeira corresponde a realização de posições articulares com determinada amplitude individualmente e sem movimento. Já a segunda faz referência à amplitude atingida através de movimentos do corpo. A flexibilidade dinâmica corresponde ainda directamente à especificidade do processo de alongamento, relacionado com a actividade, tendo maior correlação com o desempenho desportivo.
Em suma, as Capacidades Motoras Coordenativas e Condicionais são a base para um bom desempenho motor por parte do atleta em qualquer que seja a sua modalidade, tendo sempre em conta a sua especificidade.
Bibliografia
Bompa, T. O. Periodização – Teoria e Metodologia do Treinamento. São Paulo: Phorte, 2002.
Carvalho, J., Assunção, L. Pinheiro, V. A importância do treino das capacidades coordenativas na infância. Consult., 2009.
Castelo J, Barreto H, Alves F, Mil-homens P, Carvalho J, Vieira J. Metodologia do treino desportivo. Ed. Lisboa: Faculdade de Motricidade Humana, 1996.
Hahn, E. Entrenamiento con niños. Teoría, práctica, problemas específicos. Barcelona: Martínez Roca, 1988.
Carlos Miguel Lopes